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Eucalipto pode ser mais rentável que a soja em Mato Grosso do Sul


Com o Vale da Celulose em pleno desenvolvimento, quem continua ganhando é o produtor rural que quiser arrendar a sua terra para o plantio de eucalipto. Ele pode ganhar R$ 1.600 por hectare por ano, uma média de R$ 133 mensais, enquanto o hectare de soja é arrendado, em média, por 15 sacas anuais (R$ 1.750 por ano ou R$ 145 mensais).

Apesar de o valor ser superior ao do eucalipto, é necessário observar que a terra fértil usada para a soja custa entre R$ 80 mil e R$ 125 mil o hectare, enquanto as terras voltadas à produção de eucalipto – cujos preços quadruplicaram na última década – custam de R$ 25 a R$ 35 mil o hectare.

No caso da mesma região onde o eucalipto é plantado, a terra é arrendada por um valor de oito a 12 sacas de soja. Ou seja, com a saca cotada a R$ 116, o preço seria de R$ 928 a R$ 1.392.

Conforme Dito Mário, diretor-executivo da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS), os novos empreendimentos anunciados no Estado mantêm uma tendência de um momento favorável para o produtor rural.

“Sem dúvida, o momento é muito favorável para o produtor rural. Com a chegada de novas indústrias, há uma valorização significativa das propriedades, especialmente para quem está dentro do raio econômico dessas empresas – ou seja, em áreas viáveis para arrendamento, compra ou plantio”, afirma.

Conforme ele, um exemplo claro dessa valorização é a região dos municípios de Ribas do Rio Pardo e Água Clara. “Em 2008, o hectare valia cerca de R$ 1.800 e hoje pode chegar a R$ 30 mil ou a R$ 35 mil. Isso mostra como o setor florestal está impulsionando oportunidades no campo”, reforça.

O corretor de imóveis Paulo Eduardo é especialista em imóveis rurais e avalia as várias negociações para o arrendamento para as diferentes culturas agrícolas.

“A Suzano e a Bracell arrendam por valores entre R$ 800 e R$ 1.600 por hectare por ano. Mas depende da propriedade, principalmente da logística do local. Os contratos são inicialmente de sete anos e depois renovados por mais sete”, detalha.

A título de comparação, no arrendamento para o plantio de soja, por exemplo, o produtor rural pode negociar o valor do arrendamento para o plantio do grão em valores entre 12 e 22 sacas, porém, dependendo de fatores como a região e a qualidade do solo.

“Tem regiões onde a terra é mais fraca de argila. Então, tem quem faça negócio a partir de 12 sacas. A região das cidades de Chapadão do Sul e São Gabriel do Oeste são melhores, então lá pode chegar a 22 sacas por hectare que o produtor rural vai receber por ano”, comenta Eduardo.

“Essas terras para eucalipto são terras de solo mais arenoso”, acrescenta o corretor Fábio Araújo, explicando que, na costa leste do Estado, o valor do arrendamento para a soja já pode ser outro – isso no comparativo com o eucalipto: “Nessa região, ali de Ribas, Santa Rita, Água Clara, varia entre oito e 12 sacas de soja por ano”.

BENEFÍCIOS
Em entrevista ao Correio do Estado, o produtor rural Francisco Maia, um dos primeiros em MS a incorporar a plantação de eucalipto em sua produção, já contava as vantagens da silvicultura como melhor negócio que os “concorrentes tradicionais”, principalmente levando em consideração as oscilações nos preços dos grãos e da arroba do boi.

Na época, Maia já havia destinado mil hectares das propriedades da família ao plantio de florestas e já estava próximo ao fim da segunda colheita. 

“Se a soja está madura, precisa colher e vender. Se o boi está gordo, tem de abater, caso contrário dá prejuízo. No caso do eucalipto, se o preço está ruim, deixo ele crescer mais um, dois anos e vendo só quando o preço melhora”, expressou.

Diante de todo esse mercado promissor, Mário ainda detalha que são diversos fatores a serem observados para que o produtor consiga o melhor negócio, como a propriedade rural estar dentro do raio de interesse da empresa, além do tamanho da área, das características do terreno, da qualidade do solo e de toda logística de o.

Ao produtor rural, inclusive, estão à disposição algumas possibilidades diferentes de conseguir lucrar com a silvicultura, e não apenas por meio do arrendamento da propriedade.

“É essencial entender quanto ele lucra por hectare por ano e, a partir disso, avaliar se vale mais a pena manter a atividade atual, investir ele mesmo no plantio de eucalipto, Pinus ou outra espécie ou ainda optar pelo arrendamento”, enfatiza.

“Para que o arrendamento seja vantajoso, ele precisa render mais do que a atividade que já está sendo desenvolvida. Essa análise é individual, e quem tem as melhores condições de fazê-la é o próprio produtor, que conhece de perto a realidade de sua terra”, frisa.

FÁBRICAS
Atualmente, três fábricas de celulose operam em Mato Grosso do Sul, das empresas Eldorado e Suzano. Dessas, duas estão em Três Lagoas e uma outra em Ribas do Rio Pardo. Mas o Estado ainda pode chegar a pelo menos seis fábricas nos próximos anos.

Na cidade de Inocência, no mês ado, a empresa chilena Arauco lançou a pedra fundamental no empreendimento, com a presença do governador Eduardo Riedel e do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.

A fábrica tem investimento previsto de US$ 4,6 bilhões e deve gerar até 14 mil empregos, com capacidade de produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose de fibra curta anuais em uma área de 3.500 ha.

A asiática Bracell também é outra grande empresa a investir em Mato Grosso do Sul, com um último projeto anunciado a ser executado no município de Bataguassu.

No início deste mês, Riedel se reuniu com o presidente da Bracell no Brasil, Praveen Singhavi, para o termo de concessão de incentivos fiscais para a viabilização da instalação da primeira fábrica de celulose solúvel no Estado, com investimento somado em R$ 16 bilhões.

 


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